Solidariedade

Junho Vermelho reforça a importância da doação de sangue

Quem precisa de sangue depende muitas vezes da solidariedade das pessoas. Com este objetivo, nasceu o Junho Vermelho, uma campanha que tem o objetivo de criar na população a cultura da doação e conseguir, assim, doadores regulares.

No entanto, infelizmente, no Brasil a cultura da doação de sangue é muito pequena. De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), apenas 1,6% dos brasileiros doam sangue, sendo que o número ideal seria entre 3% a 5%. É com o intuito de aumentar esse número que nascem as campanhas de doação para incentivar que a população contribua com este ato, que pode salvar vidas.

A campanha Junho Vermelho é uma iniciativa do movimento Eu Dou Sangue, criado em 2015. O mês de junho foi escolhido por dois motivos. Um deles é por conta do dia 14 desse mês, em que é comemorado o Dia Mundial do Doador de Sangue. Essa data homenageia Karl Landsteiner (1868 -1943), médico e biólogo austríaco naturalizado americano. Em 1930, ele ganhou um Prêmio Nobel pela classificação do sistema ABO e descoberta do Fator Rh.

Como complemento, existem os fatos de que em junho está chegando o inverno, há um aumento das infecções respiratórias, começam as férias escolares e aumentam os acidentes nas estradas. Consequentemente, os bancos de sangue registram uma queda de até 30% no volume de doações.

Pandemia afeta doação de sangue

Além desses fatores, a pandemia do Coronavírus contribuiu nesse momento para uma queda na doação de sangue em todo o país. A Imunohematologista responsável pelo serviço de Hemoterapia da Santa Casa de Ourinhos, Dra. Juliane de Campos Inácio, destacou que, diante da necessidade de manter os estoques e a rede abastecida de sangue, o Ministério da Saúde tem orientado a população que as doações de sangue devem continuar acontecendo neste momento em que o país registra casos e óbitos por coronavírus.

“Pessoas com anemias crônicas, acidentes que causam hemorragias, complicações decorrentes da dengue, tratamento de câncer e outras doenças graves, continuam ocorrendo. Ou seja, o consumo de sangue é diário e contínuo. A doação de sangue é segura, não havendo riscos para quem doa. A pandemia afastou muito os doadores dos bancos de sangue e hemocentros, mas esses serviços estão disponibilizando condições de lavagem de mãos, uso de antissépticos e acolhimento que minimizem a exposição a aglomerado de pessoas. Cuidados com a higienização das áreas, instrumentos e superfícies também têm sido intensificados nos ambientes de doação, doar durante a pandemia é seguro”, esclareceu.

Para Dra. Juliane de Campos, as pessoas devem se conscientizar e não interromper a doação para que mais vidas possam ser salvas. “A população deve saber que as unidades de sangue doadas são separadas em hemocomponentes e podem salvar até 4 vidas, logo o hábito de doar deve se tornar uma rotina. É importante lembrar que não há um substituto para o sangue e a disponibilidade é essencial em diversas situações e em muitos casos determinante para o sucesso de um tratamento”.

Quem pode doar?

No Brasil, pessoas entre 16 e 69 anos podem doar sangue. Para os menores de 18 anos é necessário o consentimento dos responsáveis e, entre 60 e 69 anos, a pessoa só poderá doar se já o tiver feito antes dos 60 anos. Além disso, é preciso pesar, no mínimo, 50 quilos e estar em bom estado de saúde. O candidato deve estar descansado, não ter ingerido bebidas alcoólicas nas 12 horas anteriores à doação e não estar de jejum. No dia, é imprescindível levar documento de identidade com foto.
Em relação à Covid-19, são considerados doadores inaptos para a doação de sangue por um período de 30 dias aqueles que apresentarem sintomas respiratórios e febre ou se tiverem tido contato, há menos de 30 dias, com casos suspeitos ou confirmados de COVID-19. Quem doa sangue, doa uma nova oportunidade de vida.

Trabalho da Agência Transfusional da Santa Casa

Dra. Juliane de Campos ressaltou que a Agência Transfusional da Santa Casa de Ourinhos trabalha na captação de doadores de sangue diretamente com os familiares dos pacientes internados. Eles são orientados sobre os critérios de doação e convidados a comparecer ao Banco de Sangue de Ourinhos, que recebe os doadores e realiza a coleta do sangue. “Sempre orientamos e estimulamos a doação de nossos colaboradores da Santa Casa, grande parte de nossos profissionais são doadores de rotina. Diante do quadro de pandemia as visitas aos pacientes internados foram suspensas, isso faz com que nossa captação com os familiares diminua, por isso é tão importante a ajuda da população neste momento”, afirmou.